domingo, 23 de maio de 2010
Montanhas e Maomés.
domingo, 9 de maio de 2010
Fantasma
Alguma coisa escura
Gira em torno de mim.
Às vezes ela avança
Pousa em meus ombros
Sussurra ao pé do ouvido
Palavras de capetinha.
No outro, nenhum anjo
Para me aconselhar melhor.
Nenhum deus flutua
Em sua nuvem ao meu redor.
Estou só com essa flecha
Noturna, calibrada em seu
Arco de espuma contra
A cabeça, contra os miolos.
Espatifa-se o meu corpo
Inteiro. Tomba ao chão
Os meus cascos. Quem
Coletará? Quem ousará
Colar meus ossos novamente?
Tudo que respira
No mundo tem me
Causado dor.
Um cachorro também
É mãe. Com suas tetas
Encharcadas de leite
Até a raiz.
Formigas decifram os
Mesmos caminhos que
Meus passos percorrem.
Quem dirá? Quem dirá
Que existe um pai nas
Alturas esperando por nós?
Noé está morto e sua
Arca naufragou. Ninguém
Se salvará. O povo
Escolhido é o mundo inteiro.
Escolhidos pelo dedo
Em riste desta coisa
Escura que gira em
Torno de mim.
Às vezes ela avança,
Pousa em meus ombros,
Sussurra ao pé do ouvido
Palavras de capetinha.
No outro, nenhum anjo
para me aconselhar melhor.
Nenhuma estrela está
Imune de seus espinhos
Fulgurantes que espetam
No auge do dia.
Galileu está cego. Ousou
Fitar o sol, que como a morte
e como a Górgona, petrifica.
Alguma coisa escura
Gira em torno de mim.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Revolta
Piscina pra que?
Tomo banho de chuva!
Mansões são mausoléus,
Habitantes, espantalhos tonsurados,
As cabeças, ninhadas de corvos.
Paredes auríferas?
Ouro puro? Diamantes
Ao chão feito formigas azuis?
Não quero.
Nem tudo que reluz é vida.
Mineralizar o corpo outra vez?
Se a madama sempre tomba de suas jóias
E se o anzol nunca pesca peixe de prata?
Desnecessário.
Tudo é tão vivo e rutilante
Que tua vitricidade constrange
O obscuro caráter do mundo.
O cheiro queimado de tuas nádegas
Derretendo pingos de plástico sob
O colo das prostitutas
Leva ao vômito toda mosca varejeira
Que passa e escuta: esse rumor
De ossos.
Sua boca,
Bueiro de cristais.
Suas orelhas,
âmbar selvagem.
Sua máquina de calcular não teme
A queima de estoque da morte?
Sua tela de luz plasmática não morde-te,
Mastiga-te,
Engole-te e
Regurtita-te?
Você, lixo industrial
Sem direito à reciclagem,
Forma tóxica sem a ductibilidade
Da geometria.
É insuportável ser pedra.
Com a lua eternamente imersa
Nos cabelos do sol.
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