Dá um tempo, ó minha dor, controla tua agressividade.
Tu querias a noite; Aí está; ela vem descendo;
Uma atmosfera sombria já envolve quase toda a cidade,
Uns encontram a paz; outros seguem padecendo.
Enquanto dos mortais a multidão vil,
Sob o chicote do prazer, esse impiedoso carrasco,
Vai colhendo remorsos na festa servil,
Minha dor, me dá a mão, vamos por aqui, sem asco,
Ver, longe deles, debruçaram-se os anos defuntos,
Sobre os balcões do céu, usando velhos conjuntos;
Emergir a saudade, do fundo das águas, sorridente;
O sol moribundo adormecer atrás da arcada mansa,
E, como uma longa mortalha arrastando-se no Oriente,
Ouve, minha cara, ouve a doce noite que avança.
Charles Baudelaire, In Flores do Mal.
2 comentários:
você planta as sementes e eu chego para regá-las dias depois.
=]
amo-te!
aquele filósofo, socrático, de contemplação do ser. da experiência humana.
=]
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