Algo tiniu no horizonte.
"Uma estrela tombou?" - Não!
Não são os pássaros cantando
Não são as cigarras nem as rãs.
São as brocas dessas pequenas pessoas
Perfurando o tecido deste dia.
Um sorriso foi esquecido na relva
E eu sei que você ouviu aqueles dentes prateados
ricocheteando pelo jardim. O verde rutilou
e seu olhar estremeceu:
"Uma bomba!" - Você disse e sorriu.
Cortinas se fecharam então
E mundos implodiram
E o vento retirou seus dedos esquálidos
Do pico desta Lira. O sol ofegou,
fraquejou e gritou.
De dentro do gritou surgiu, rastejando pelas veredas
Da garganta vermelha do astro
Algo indizível que nós chamaríamos de noite se não o fôssemos tão
Distraídos.
"Mas o que resta deste dia?"
Dois pontos, eu disse, dois pontos fixos
Num lugar obtuso - um céu! - "Talvez!"
Você ouviu? - eu perguntei se você ouviu?
Ouviu o choro daquele bebê, aquele choro puro
que não atraíu a atenção dos reis magos e nem de Deus?
Era o amor. Uma sombra lançou contra ele
uma mão dourada; o fez sussurrar segredos
e então o demoliu.
Um estampido!
Meu deus, você disse, como tudo isso é lindo!
Eu disse que não precisava se preocupar.
Que a beleza não morderia,
Dessa vez.
.
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2 comentários:
"dois pontos fixos" podem ser um olhar em extase...
a realidade é que nós nunca sabemos para onde vamos =] mas mesmo assim vamos... é claro!
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