segunda-feira, 16 de março de 2009

Seasons change, and you grow a little older...

Gostaria de agradecer aos meus contemporâneos - não de idade, mas de pensamento - e gostaria muito de dizer a eles que meu mundo não depende do meu eu para existir e sim da extensão do eu deles sobre o meu. Nós só somos seres humanos quando estamos em contato com outros seres humanos, ninguém pode ser humano sozinho. E é no abraço dos meus contemporâneos que eu encontro quem realmente eu sou - um ser humano.


O sentido da vida são os outros.



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quinta-feira, 12 de março de 2009

Mother Stands For Comfort

Minha mãe sempre diz que "Quem sabe viver, vive mais!", máxima que ela adotou após alguns acontecimentos desagradáveis em nossas vidas. Eu apreendo essa frase como sendo uma frase ambivalente, que apresenta dois sentidos: o quantitativo e o qualitativo. Viver mais é realmente viver mais anos de vida ou viver mais intensamente um ano de vida? Esta é a pergunta que eu me faço todos os dias de forma consciente ou inconsciente; Mas como toda metalinguagem, não passa de metafísica barata do cotidiano, são apenas questões furadas e sem objetivos. Coisas subjetivadas que de tão mastigadas se tornam um grude no pensamento. O que eu quero dizer é mais ou menos que minha mãe sempre me coloca no topo da vida, que não é menor que uma cabeça de alfinete. Quando olho para ela, eu consigo compreender da onde vem toda essa melancolia irredutível que eu sinto. O presente é a única realidade que temos, o restante dos dias são como sonhos - e dentro desses sonhos eu preciso sempre me manter confortável diante de todo o desconforto que acarreta o sentimento de saber sobre você mesmo. A maioria das pessoas não sabem de suas próprias existências, e isso não as faz nem mais nem menos felizes, apenas dispersas no ambiente - como todas as outras. Mas é dentro dessa multidão de inexistência coletiva que existem aqueles que acordaram e se descobriram vivos, e por isso, sentem a necessidade do absoluto. Essa necessidade cai sobre todos, sem exceção, mas nem todos sabem interpretar as mensagens que o mundo manda diariamente para todos nós. O mundo cai sobre os ombros dos homens de forma silenciosa e destituída de peso, somos nós que subjetivamos isso, somos nós que adicionamos o som e o peso dessa queda. Com isso quero dizer que não existem maldades e nem bondades, o que existe é a natureza humana. Ela grita, ela é emergente, caótica e imediatista - e com toda essa carga de elementos de pressão não há como explodir. Digamos que quando explodimos devido a pressão dessas matérias mentais é que revelamos ao mundo quem realmente somos, e isso é destituído de qualquer objetivo(por isso não é nem mal e nem bom!). Quando explodimos apenas evidenciamos o quanto a vida é emergente e imediata, que não existem futuros e concomitantemente nos revela que o futuro é uma sombra onipotente. Dentro de todo esse trânsito intergaláctico que é a emergência da vida humana é que me deparo, e agarro no útero de minha mãe e de repente nasço. E esse nascimento é tudo e nada, e eu sou um nada dentro do tudo. Eu agarro os olhos de minha mãe e flutuo para fora do seu ser a cada dia, e a cada dia ela sente as dores do parto. Eu me movo lentamente sobre superfície do oceano embrionário, e ela se move lentamente sobre a superfície tênue da vida. Eu me lanço sobre as montanhas inconsistentes e me prendo as mãos dela, e ela me retira da escuridão da unidade todos os dias. Todos os dias que temos.

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sexta-feira, 6 de março de 2009

Ludus

É engraçado perceber que eu não consigo mais escrever uma linha sem puxar uma célula para dentro do inconsciente e transforma-lá em paisagem submersa. O eu se perde no caos. E continua difícil distinguir o que sou eu e o que é o outro dentro desse emaranhado de personalidades que coexistem em uma só entidade psíquica. Acordo às 7:00, e tento me lembrar do sono. Tento me lembrar a forma mágica de dormir, de desligar ou pelo menos reduzir o potencial dos aparelhos de percepção. Levanto como alguém que nunca deixou de dormir, que nunca foi lá acordar e dizer que isso aqui é a realidade, porque ninguém tem autoridade de definir o que é sonho e o que é real dentro da vida. Somos todos tão transparentes, que tudo se perde na infinita transparência de tentar reconhecer no outro a si próprio; é quando nasce o amor. Quando alguém reconhece na transparência aquilo que lhe é intrínseco. Somos tão reveladores, que mal percebemos que a cada passo que damos em direção ao outro, não consiste em apenas um passo, mas sim em uma mensagem codificada e que clama por tradução. Uma célula se liga a outra célula, o mundo nasce, a gente morre, mas a vida persisti dentro dessa confusão. É nela que encontramos o objetivo, e o objetivo é confundir e confundir-se, para que nada seja fácil, para que nada seja eloquente como um grito, e codificamos tudo. As palavras, os gestos, o olhar e tudo que fazemos é tão enigmático, um quebra-cabeça daqueles cansativos, que ninguém tem paciência para montar e revelar; paciência não é de longe uma qualidade humana, criada para os deuses essa paciência, pois aqui, onde me encontro, e onde todos se encontram, só os fantasmas podem ser pacientes - a vida por si só não é dotada de paciência, mas sim de rebuliço, de forças que vão além e aquém de qualquer força física e/ou psíquica. Esse texto é mais um enigma humano, porque ele não quer dizer nada. Ele não pode dizer nada, porque ele já foi dito, e uma vez dito perde sua força e desaparece no universo. O título do começo é ludus, do latim: diversão. O que acontece é que não vejo essa coisa em nenhuma língua, em nenhum humano, e não vejo diversão em nada, só uma confusão que de tão confusa te faz feliz. Ao longo desse tempo de vida eu percebi uma coisa interessante, e claro, muitos vão discordar, mas no fundo todos vão se perguntar. Minha descoberta consiste na felicidade. O que é felicidade? E eu vos digo, felicidade é a ignorância. Quanto mais descobrimos sobre o mundo mais infelizes nos tornamos, porque ao percebermos que não há respostas disponíveis para àqueles que as procuram, nos deparamos com uma frase secular, e que está enraizada no planeta como uma grande árvore: tudo que sei é que nada sei. O que eu digo é que o homem sábio é nada mais do que um ignorante duas vezes, porque na primeira vez ele não sabia, e na segunda tentou saber e descobriu que nada se permite saber, e torna a ser ignorante; mas como conter essa ferramenta de escavação que é o cérebro? é nessa pergunta que chegamos ao assombro da mais profunda escuridão: estamos destinados a falhar!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Staring at the sun


A verdade é que nós nunca conhecemos o mundo lá fora, pois estamos tão ocupados tentando conhecer esse mundo aqui dentro de nós, que quase não sobra tempo para escalar outros muros, outras liberdades. Eu descobri que você só pode sentir a vida se você olhar diretamente para o sol, até seus olhos arderem de caos e serenidade. Sentir o cheiro do mundo até você perceber que tudo aquilo que te escondeu foi na verdade aquilo que te distanciou de você mesmo. Tocar todas as cores até sua pele sentir o arrepio das sensações humanas. Agradecer ao caótico e ordenado universo que te colocou aqui para que você descubra suas próprias verdades. Olhar além das cidades, além dos arranha-céus que escondem o mundo de você. Sentir nos desertos e nas florestas não o mal-estar do fim do mundo, mas sim reverberar por se sentir em casa. Nós não somos feitos para as cidades, caso fossemos, sentiríamos o bem-estar de estar aqui, escondido por detrás dos tijolos e argamassas. Mas não, esse nunca foi o nosso destino. O nosso destino é a liberdade, aquela liberdade que conecta o mundo desordenado do eu, com o mundo desordenado lá fora e assim, poder sentir que a vida é muito mais do que ela aparenta ser. Poder sentir que dentro do caos está a ordem, e por dentro da ordem está o caos. É impossível conhecer todas as estrelas no céu, mas é possível conhecer todas as estrelas na terra. Caminhar em direção ao sol, arder no sol, sentir o sol fecundar a pele e queimar toda a incerteza do sentido. A vida não exige sentido, posto que o único sentido que ela pode ter é aquele que damos à ela.



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