sábado, 3 de janeiro de 2009

Vertigo

Por toda minha vida eu senti uma vertigem. Uma misantropia para com todos. Uma espécie de negação à sociedade e ao meu humanismo intrínseco. Eu não sei que vermes anti-sociais ocupam meu estômago ou que espécie de serotonina reguladora de seleção natural é fabricada em meu cérebro. Eu não sei nada disso. Porque, talvez, não me é permitido saber tais coisas. Como não é permitido saber se há um fim no universo, se a vida foi criada do nada, se estamos aqui por acaso ou não, se somos apenas matéria escatológica ou a réplica imperfeita de algum Deus. Não me é permitido saber de onde, de que buraco, vem essa misantropia para com o mundo. Uma forma de negação involuntária a minha vontade, uma forma autônoma de vida que se esconde ou se mostra muito entre minhas vísceras. Tem algo a ver com o DNA isso que carrego? é a marca de uma geração de misantropos passados? é a insígnia de uma sociedade subterrânea que é considerada como um ser mamífero do subsolo conhecido como rato? O que é isso que eu carrego? um relógio? uma bomba? um condão de maldição? O que jorra em minhas veias é sangue ou redenção? São tantas perguntas e, por mais que eu saiba que para todas elas só existe uma resposta, eu faço questão da fragmentação. Foi assim que alguém me criou, alguém me criou para fragmentar as coisas. sentir cada pedaço de cada minuto segundo milésimo. sentir o gosto salgado e doce da existência terrena. carregar o desejo ínfimo de uma existência extraterrena. Carregar a esperança de uma alma aprisionada pelo corpo. Carregar uma vertigem. Uma vertigem.

"This is so disgusting"

.

Nenhum comentário: