sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre o Blablablá

A verdade é que ninguém sabe onde fica o meio, o começo ou o fim, pois não há como saber onde começa e onde termina uma esfera, e assim é o mundo. Eis o universo, sustentando sua elegância sobre mim. Qual é o peso do tempo, da velocidade e da realidade? Por que tais coisas que são tão imensuráveis chegam a ser mensuráveis para nós? O senso-comum faz do sol uma bola de fogo que divide o mundo em seus dois extremos, e com isso, divide a humanidade em seus minuciosos fragmentos. Já o cientifico faz do sol uma estrela igual ou não a muitas outras espalhadas pelos multiversos dentro do céu. O que é mais quente e o que é mais frio? Conhecer as coisas em suas complexidades diversas, e para isso adentrar dentro delas, ou apenas conviver pacificamente na superfície de tais coisas? Não sei. O que eu sei é que a verdade absoluta, se é que tal verdade existe, é insuportável. Você vive sua vida toda olhando para uma estátua coberta por um véu, e depois, em um belo dia você resolve, vou levantar o véu e ver o que há por detrás dele. Será mesmo uma estátua? É aí que começa o real, e ele não é nada agradável. Você levanta o véu e vê que aquilo que se assemelhava a uma estátua não é nada mais do que uma pedra sem formato algum. Eis o problema de todos, enxergar formas onde as formas não cabem. Mas quem é capaz de levantar tal véu? A pergunta é: Quanta verdade você suporta? O mundo é uma vontade e uma representação, você escolhe de certa forma como ver o mundo e esse ver pode ganhar proporções fantásticas, que eu chamo de senso-comum, ou proporções tão complexas que disseca o mundo e o mostra de uma forma bruta e incoerente. Porque a verdade contida nas coisas não possui coesão. Ela é tão complexa, que a partir do momento em que você olha para ela, o choque realístico tilinta nos seus nervos.

Enquanto as pessoas se assustam com fantasmas, com deuses, com demônios, eu me assusto com o mundo. Sou assombrado por ele, porque ele está em todas as parte. Eis o Deus da terra prometida: o mundo. Quem pode ser mais Onipresente, Onisciente, Onipotente do que o mundo? Ele está em todas as partes. Observa todos os seus habitantes e pode destruí-los em uma simples mudança de eixo. O fatalismo é algo que agora vive em mim, e quem dera eu fosse um macaco que vivesse em uma tribo de macacos onde os seus "amigos" retiram de você o parasita com a mão e os extingue entre os dentes, fazendo sumir todas as angustias causadas por ele. Mas acontece que o ser humano evoluiu, e evoluiu para toda sua sofisticação de linguagem e pensamento, se esquecendo assim do básico da convivência. Hoje cheguei a conclusão de que os animais vivem de maneira melhor do que os seres humanos. Pois de alguma forma, nos afastamos do nosso espírito natural. A natureza. E eu realmente sinto que é de lá que eu vim, pois todas as vezes que esqueço a cidade e seus ápices de vermelhidão e olho para o outro lado do mundo, onde vive a natureza, me sinto estranhamente atraído, como se lá fosse o meu lugar. Como se lá fosse o paraíso perdido de Adão e Eva. O Jardim do Éden engolido pelas metrópoles e pela vontade bizarra da multidão de se tornar uma máquina. Ai de nós, que até as plantas superam o viver.

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4 comentários:

alex.n disse...

Depois de limpo, só restou o peso do mundano... Mas a gente também é mundo!
Vc sabe q te entendo!

alex.n disse...

A crítica do Magnólia q te falei...
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=6099&id_filme=514&aba=critica

Anônimo disse...

ehhh...com certeza as plantas nos superam...mas, pelo menos, alguns iluminados conseguem se dar conta disso, e reconhecer a nossa inferioridade por criarmos um mundo aa parte daquele originalmente "pra nos prometido" ja eh muito bom, nao?

Anônimo disse...

sabe que vivemos em superficies mesmo meu primo, as pessoas têm total preferência pelo que é claro e palpável, não adianta, tudo torna-se mais mecânico e digestivo à medida que se aproxima do processo de simples humanização.

este é o revés, não são os paraísos, as bolas de fogo, a complexidade do universo ou as esculturas, mas a humanização que passou, obrigatóriamente, a sair do ser humano e atingir tudo a sua volta. (até os neodeuses e as plantas)

hoje é mais fácil ser divino, do que reconhecer a fragilidade da nossa existência abaixo de um céu de estrelas desconhecidas.