quinta-feira, 12 de março de 2009

Mother Stands For Comfort

Minha mãe sempre diz que "Quem sabe viver, vive mais!", máxima que ela adotou após alguns acontecimentos desagradáveis em nossas vidas. Eu apreendo essa frase como sendo uma frase ambivalente, que apresenta dois sentidos: o quantitativo e o qualitativo. Viver mais é realmente viver mais anos de vida ou viver mais intensamente um ano de vida? Esta é a pergunta que eu me faço todos os dias de forma consciente ou inconsciente; Mas como toda metalinguagem, não passa de metafísica barata do cotidiano, são apenas questões furadas e sem objetivos. Coisas subjetivadas que de tão mastigadas se tornam um grude no pensamento. O que eu quero dizer é mais ou menos que minha mãe sempre me coloca no topo da vida, que não é menor que uma cabeça de alfinete. Quando olho para ela, eu consigo compreender da onde vem toda essa melancolia irredutível que eu sinto. O presente é a única realidade que temos, o restante dos dias são como sonhos - e dentro desses sonhos eu preciso sempre me manter confortável diante de todo o desconforto que acarreta o sentimento de saber sobre você mesmo. A maioria das pessoas não sabem de suas próprias existências, e isso não as faz nem mais nem menos felizes, apenas dispersas no ambiente - como todas as outras. Mas é dentro dessa multidão de inexistência coletiva que existem aqueles que acordaram e se descobriram vivos, e por isso, sentem a necessidade do absoluto. Essa necessidade cai sobre todos, sem exceção, mas nem todos sabem interpretar as mensagens que o mundo manda diariamente para todos nós. O mundo cai sobre os ombros dos homens de forma silenciosa e destituída de peso, somos nós que subjetivamos isso, somos nós que adicionamos o som e o peso dessa queda. Com isso quero dizer que não existem maldades e nem bondades, o que existe é a natureza humana. Ela grita, ela é emergente, caótica e imediatista - e com toda essa carga de elementos de pressão não há como explodir. Digamos que quando explodimos devido a pressão dessas matérias mentais é que revelamos ao mundo quem realmente somos, e isso é destituído de qualquer objetivo(por isso não é nem mal e nem bom!). Quando explodimos apenas evidenciamos o quanto a vida é emergente e imediata, que não existem futuros e concomitantemente nos revela que o futuro é uma sombra onipotente. Dentro de todo esse trânsito intergaláctico que é a emergência da vida humana é que me deparo, e agarro no útero de minha mãe e de repente nasço. E esse nascimento é tudo e nada, e eu sou um nada dentro do tudo. Eu agarro os olhos de minha mãe e flutuo para fora do seu ser a cada dia, e a cada dia ela sente as dores do parto. Eu me movo lentamente sobre superfície do oceano embrionário, e ela se move lentamente sobre a superfície tênue da vida. Eu me lanço sobre as montanhas inconsistentes e me prendo as mãos dela, e ela me retira da escuridão da unidade todos os dias. Todos os dias que temos.

.

Um comentário:

alex.n disse...

talvez vc seja tudo em meio ao nada...

creio q a dor do parto seja um sentimento presente constantemente nas mães... a minha q o diga!

Ser mãe é ter q ter, é soltar querendo agarrar, é deixar o prato ainda estando com fome... muita fome!