terça-feira, 23 de junho de 2009

Strings


Existe um magnetismo na pele que faz cada criatura viva procurar por uma outra sobre a terra. Somos impelidos a praticar simbioses a todo momento, pois, de fato, esse desejo que existe de complementação cria em todos nós a ilusão de não bastarmos a nós mesmos. A busca pela emancipação auto-suficiente está em um campo de batalhas lutando contra os soldados do desejo. Mas, como na história, é Waterloo quem ganhará, e Napoleão sairá derrotado e com um sentimento de pequenez que, mais uma vez, o fará buscar no outro a parte perdida de si próprio.

Se somos, de fato, tão incompletos por natureza, o nascimento então é a alavanca de Arquimedes, que fará o ser recém-nascido procurar pelo outro o resto de seus dias. O mais assustador nessa procura incessante por partes perdidas é que, secretamente, sabemos que nenhuma parte foi perdida, mas precisamos inventá-las para justificar em posição de honra a nossa dependência. Primeiro dependemos das pessoas, depois depositamos o destino de nossas vidas nas mãos de seres invisíveis, mas nunca, nunca obtemos a detenção de nossos atos e os fazemos nossos, pois é do senso-comum acreditar que os pensamentos e as ações são efeitos das cordas metafísicas que condicionam nossas vidas.
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