sábado, 30 de janeiro de 2010

Histoire de l' oeil.


A abjeção nada mais é do que o avesso do sublime, ou até mesmo a sua forma pura, desmascarada. Não podemos negar que nutrimos por aquilo que nos causa repulsa uma resistência. Repousa nas formas repulsantes um desejo que insiste em nos atormentar - o desejo de perfurar a superfície dessas formas e nutrir nossos lugares íntimos com a seiva que sorveríamos delas. Vagamos entre os sonhos e denonimamos alguns desses sonhos de pesadelos. Essa é a resistência da qual falei. A resistência de admitir que esses pesadelos secretamente selecionados e soçobrados numa caixa à parte dos sonhos são, na verdade, os nossos desejos mais caros e mais espumantes. As pessoas, objetos e situações que nos levariam ao vômito por suas abjeções podem - num sutil oscilar de movimento - também nos levarem ao gozo. São com essas e não com outras palavras que eu sintetizo minha apreensão de História Do Olho. A leitura mais singular que eu fiz nesse mês, mais singular até que o teofágo incestuoso São Julião Hospitaleiro, de Flaubert. Um livro para espíritos livres - talvez diria Nietzsche.
.

Um comentário:

alex.n disse...

Todo urinado!